quarta-feira, 7 de maio de 2008

Primeiro passo para desativar o aterro sanitário











No primeiro dia de funcionamento das novas regras de acesso ao Lixão da Estrutural, cerca de 200 catadores ficaram impedidos de trabalhar por estarem sem o colete de identificação, que agora é obrigatório para o acesso ao local. Entre os barrados, três eram menores de idade. Ismael Salustiano, 17 anos, estava no grupo. O rapaz, que trabalha há quatro no local, não poderá mais manter a rotina de catador no Lixão por ainda não ter completado 18 anos. “Sei que trabalhar aqui é perigoso, mas é o jeito. Agora vou ter que arranjar outra forma de me sustentar”, conta. A organização do trabalho dos catadores e compradores de materiais recicláveis e a proibição da presença de menores no local faz parte do processo de preparação para desativar o Aterro Sanitário da Estrutural e criar os centros de triagem de material reciclado. A previsão é que sejam criados 14 centros de triagem, sendo um deles destinado exclusivamente aos catadores da Estrutural. Os primeiros centros devem começar a funcionar já no mês de julho. Fátima Có garante que haverá uma fiscalização permanente para verificar se o uso obrigatório do colete está sendo cumprido. “Cada número gravado no colete pertence a uma pessoa específica. Aquele que for flagrado emprestando seu colete para outro perderá imediatamente o direito de uso”, disse. A determinação para o controle do acesso ao Aterro Sanitário foi publicada ontem, no Diário Oficial do Distrito Federal, e tem o objetivo de organizar o trabalho dos catadores e proibir a presença de crianças e adolescentes no local. A publicação trouxe a lista com os nomes das pessoas autorizadas a trabalhar na área. Fiscalização Para garantir o cumprimento das normas, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) iniciou ontem uma força-tarefa de fiscalização que segue até amanhã. A ação contou com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho, Secretaria de Segurança Pública, polícias Civil e Militar do Distrito Federal e Vara da Infância e da Juventude. De acordo com o SLU, foram distribuídos 1.330 peças de identificação, sendo 1.100 para os catadores e 230 para os compradores de materiais recicláveis. “Aqueles que trabalham no processo de coleta utilizarão coletes na cor laranja, enquanto os compradores serão identificados com a cor cáqui”, explicou a diretora-geral do SLU, Fátima Có. Os catadores tiveram até o dia 14 de abril para pedir o cadastramento. Durante o processo foi constatada a existência de 39 adolescentes no lugar, catando lixo em condições insalubres. Muitos jovens vêem o trabalho de catador como a única forma de sustento. Esse é o caso de Rafael do Santos, que com apenas 23 anos traz no corpo as marcas do trabalho diário que desempenha no local desde criança. Aos 6 anos o rapaz perdeu dois dedos da mão ao retirar o lixo de uma caçamba. “É muito errado ter crianças trabalhando aqui. Eles não sabem o que fazem e podem se machucar como eu. Essa iniciativa vai evitar que outras crianças sofram o que eu sofri”, disse. --> --> --> -

Lívia Nascimento
Fotos:Luis Medeiros

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